Foto: Divulgação/SECOM Mogi
Serão realizadas uma exposição, uma edição especial da Noite de Mistérios, além de diálogos e ações com o intuito de criar espaços de reflexões sobre temas importantes da sociedade contemporânea. Todas as ações têm entrada gratuita.
Nesta terça-feira, entra em cartaz na Pinacoteca de Mogi das Cruzes a exposição “(In)Visíveis? Um olhar artístico sobre os povos indígenas e negros em Mogi”. A mostra apresenta uma reflexão sobre a presença dos povos indígenas que habitavam a região muito antes da chegada dos colonizadores, bem como as expressões culturais, religiosas e artísticas dos povos afrodescendentes que se estabeleceram no município.
Com duas salas de exposições, a primeira busca provocar uma reflexão crítica sobre a representação estética dos povos originários, cujas memórias foram historicamente esquecidas, omitidas ou alteradas ao longo da nossa trajetória. Quem foram os primeiros habitantes de Mogi? Essa e outras questões se somam para convidar o visitante a refletir sobre suas origens e sobre as raízes da população mogiana.
Já a segunda sala focaliza a representação artística dos povos pretos que ajudaram a moldar os alicerces da cidade, procurando observar a diversidade cultural retratada no acervo, e problematizando sua importância na formação cultural, social e econômica de Mogi das Cruzes. A sala traz ainda dois outros pontos de reflexão, traduzidos por um mobiliário típico da cultura ocidental, em dois momentos históricos: o primeiro é uma cadeira de arruar (ou liteira), disposta ao lado de uma cadeira da primeira metade do século 20, pertencente a uma família tradicional de Mogi das Cruzes. Duas cadeiras de uso comum, típicas de seu contexto histórico, unidas pela função de uso e separadas pelo perfil de usuário, evocando diferentes questionamentos, que a exposição buscará descortinar.
No acervo municipal, é o não-indígena que retrata o indígena e que seleciona suas representações. Por sua vez, há obras produzidas por pessoas pretas e outras que as retratam. A intenção é fazer com que o público questione: que diferenças isso traz? Que imagens (e que “verdades”) essas obras de arte ajudam a afirmar ou a contrapor? E quais são as lacunas a ser preenchidas?
Mesa Redonda e Debate
As ações da 17ª Primavera dos Museus seguem no Centro Cultural de Mogi das Cruzes, no sábado (23), com uma mesa redonda e debates sobre o tema Identidades e Diversidades: O ABC LGBT e o caminho do conflito ao respeito, às 14 horas. A atividade contará com a presença de representantes da sociedade civil e pesquisadores do campo do Patrimônio e da Memória Social, para discutir a pluralidade de identidades e diversidades de gênero, étnico- raciais e de expressões culturais de Mogi das Cruzes. A mesa também buscará apontar caminhos para a superação de preconceitos e conflitos motivados por questões de gênero e orientação sexual e para afirmar o respeito como principal vínculo entre as pessoas em Mogi, independente de sua orientação sexual e gênero. Nesse sentido, o debate percorrerá questões amplas, que vão da preservação da memória de personalidades da cidade até aquelas relacionadas às saúde das pessoas trans, procurando objetivar o conceito de “respeito” nas diversas representações sociais e políticas públicas ligadas ao tema.
Roda de Conversa
No domingo (24), a partir das 16 horas, haverá uma roda de conversa intitulada “Onde foram parar os homens pretos da nossa paróquia?”, na Vila Industrial. A ação será realizada no Salão Paroquial Nossa Senhora do Rosário e debaterá a história da demolição da Igreja do Rosário dos Homens Pretos de Mogi das Cruzes e a ausência do nome “Homens Pretos” na atual Paróquia da Nossa Senhora do Rosário. Este diálogo busca explorar as implicações históricas, culturais e sociais do apagamento e silenciamento da narrativa dos povos pretos escravizados, bem como fomentar reflexões sobre a preservação e valorização dessa memória social, e sua presença na formação social contemporânea.
Noites de Mistério
Por fim, na sexta-feira (22), acontece mais uma ação do projeto Noites de Mistério, no Cemitério São Salvador, pela Primavera dos Museus. A visita monitorada noturna terá contação de histórias, lendas urbanas, curiosidades sobre a constituição do cemitério e de sua arte tumular, destacando a presença dos povos pretos desde a sua inauguração.
As inscrições para a ação já foram encerradas, e as vagas esgotaram no mesmo dia em que foram abertas, nesta segunda (18).