Dólar dispara e encosta em R$ 5,91 após novas ameaças comerciais de Trump à China

Instabilidade no mercado internacional pressiona câmbio e derruba bolsas de valores no Brasil e no mundo

O dólar comercial voltou a subir fortemente nesta segunda-feira (7) e encerrou o dia cotado a R$ 5,911, com alta de 1,29%. A disparada da moeda norte-americana ocorreu em meio a um novo episódio de tensão geopolítica entre os Estados Unidos e a China, após declarações do ex-presidente norte-americano Donald Trump sobre possíveis tarifas adicionais a produtos chineses.

O movimento representou a maior cotação do dólar desde 28 de fevereiro deste ano, quando fechou em R$ 5,916. A nova escalada da moeda ocorreu após Trump anunciar que poderá impor uma tarifa adicional de 50% sobre produtos importados da China, caso o governo chinês não reverta a sobretaxação de 34% aplicada a itens americanos. A declaração provocou forte aversão ao risco nos mercados globais, pressionando o câmbio e derrubando as bolsas de valores.

Efeito fake news e correção rápida

Durante a manhã, o dólar chegou a cair momentaneamente, após a circulação de uma fake news que indicava uma suspensão temporária, por 90 dias, do aumento de tarifas por parte dos Estados Unidos. A desinformação chegou a animar os investidores e trouxe algum alívio momentâneo ao câmbio e à bolsa brasileira. No entanto, a correção veio logo em seguida, quando a Casa Branca desmentiu oficialmente a notícia.

O episódio ilustra o grau de sensibilidade dos mercados às informações vindas do governo norte-americano e reforça a volatilidade típica de momentos de tensão internacional.

Bolsa tem terceira queda seguida e atinge menor nível em quase um mês

O clima de incerteza também afetou o mercado acionário brasileiro. O Ibovespa, principal índice da B3, recuou 1,31% e fechou aos 125.588 pontos. Essa foi a terceira queda consecutiva do índice, que agora opera no menor patamar desde 12 de março. Assim como no câmbio, o índice até ensaiou uma recuperação temporária, impulsionado pela notícia falsa sobre a suspensão das tarifas, mas voltou a cair com força após a correção da informação.

O desempenho negativo da bolsa brasileira acompanhou a tendência dos principais índices internacionais, ainda que com algumas variações. O índice Dow Jones, que mede o desempenho de empresas industriais norte-americanas, recuou 0,91%, enquanto o S&P 500 teve queda de 0,23%. Já o Nasdaq, composto por empresas de tecnologia, avançou 0,10%, interrompendo uma sequência de perdas.

Desempenho global: Ásia e Europa em queda acentuada

Os mercados asiáticos e europeus sentiram ainda mais os efeitos da tensão entre Estados Unidos e China. Em Hong Kong, o índice da bolsa local caiu expressivos 13,22%, enquanto Tóquio recuou 7,83%. Entre os mercados europeus, Frankfurt teve queda de 4,13% e Londres, de 4,38%.

O comportamento das bolsas internacionais indica uma forte fuga de capital de mercados considerados mais arriscados, com os investidores migrando para ativos de proteção, como o próprio dólar. A pressão sobre as economias emergentes, como o Brasil, deve continuar nos próximos dias, especialmente se novas declarações de Trump ou medidas retaliatórias da China forem anunciadas.

Cenário de incerteza pode se prolongar

Analistas de mercado ouvidos por agências internacionais afirmam que a instabilidade provocada pela retórica de Trump pode perdurar, especialmente com a aproximação do ciclo eleitoral nos Estados Unidos. “A imprevisibilidade de Trump já se mostrou um fator de desestabilização global nos últimos anos. Se ele voltar ao centro do debate político, o mercado tende a reagir com mais volatilidade”, disse um analista da Bloomberg.

Além disso, o momento é particularmente delicado para países em desenvolvimento, que enfrentam pressão inflacionária interna, juros elevados e menor margem de manobra fiscal. O Brasil, em particular, vê sua balança cambial ser afetada pela fuga de dólares, o que pode pressionar os preços e dificultar o controle da inflação.

Expectativas para os próximos dias

A expectativa do mercado é de que o Banco Central do Brasil siga monitorando a volatilidade do câmbio, com possibilidade de intervenção, caso o dólar continue sua escalada nos próximos pregões. A autoridade monetária pode utilizar instrumentos como leilões de swap cambial ou venda direta de dólares das reservas para conter movimentos especulativos.

Enquanto isso, os investidores seguem atentos a qualquer nova declaração de autoridades americanas e chinesas, que possam alterar o rumo do conflito comercial entre as duas maiores economias do mundo.

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