Foto: Divulgação / SCM
Atendendo o município de Mogi das Cruzes desde 2003 em urgência e emergência, a Santa Casa comunica nota que não tem mais condições de dar continuidade ao atendimento à cidade. Para a não renovação com o convenio atual, a prefeitura, eles relatam que os problemas enfrentados eram o baixo valor da subvenção e a desorganização do sistema, acarretando super lotação na unidade e o não pagamento dos serviços de retaguarda.
Eles afirmam que o fechamento do PS do Hospital Luzia de Pinha Mello também agravou a situação, “gerando um déficit financeiro insuperável” pela entidade. Todos os outros serviços que a Santa Casa oferece, sendo eles, ortopedia, obstetrícia, neonatologia, neuroclinica, neurocirurgia, pediatria clinica, clinica médica, e cirurgia geral, continuam a funcionar normalmente.
É também esclarecido que os serviços de PS resumem-se aqueles prestados nas primeiras 24 horas do paciente. Se após esse período o paciente não é transferido para outra unidade capacitada para seu atendimento, a Santa Casa não recebe nenhum tipo de apoio financeiro da administração pública para arcar com os gastos do paciente que continua internado.
Em nota, a prefeitura de Mogi se diz pego de surpresa pela decisão da diretoria da Santa Casa em não renovar o contrato, e que busca “alternativas para que a população não fique desassistida pelo serviço do Pronto-Socorro Municipal”.
Segue ambas as notas:
Santa Casa de Misericórdia de Mogi das Cruzes
A Santa Casa de Misericórdia de Mogi das Cruzes, entidade PRIVADA e sem fins lucrativos, presta serviços de urgência e emergência para o município, neste modelo contratual, desde 2003, quando a cidade não possuía condições mínimas para prestar tal serviço a população mogiana. Além do Pronto Socorro, é a unidade de referência nos serviços de ortopedia, obstetrícia, neonatologia, neuroclinica, neurocirurgia, pediatria clínica, clínica médica e cirurgia geral, sendo reconhecida nestas especialidades.
Mesmo diante de enormes dificuldades, a Santa Casa tem empreendido todos os esforços para atender a população no Pronto Socorro. Quando da renovação do convenio atual, os problemas enfrentados por esta entidade eram (i) o baixo valor da subvenção e a (ii) desorganização do sistema, acarretando superlotação na unidade e o não pagamento dos serviços de retaguarda. A renovação do convenio com a municipalidade foi realizada sobre o compromisso de atender esses dois itens indicados.
Os serviços de PS resumem-se aqueles prestados nas primeiras 24h do paciente; ultrapassado este período e não havendo transferência para outra unidade de saúde, que detenha competência para atendê-lo, sua permanecia na Santa Casa não possui nenhum tipo de contraprestação financeira da administração pública. Ou seja, além da responsabilidade pela prestação dos serviços médicos de que NÃO detemos referência – médicos especialistas -, não há nenhum pagamento por tais serviços. O fechamento do PS do hospital Luiza de Pinho Mello também agravou muito tal situação, gerando um déficit financeiro insuperável por esta entidade.
A direção da Santa Casa, de modo responsável e diligente, a fim de manter os serviços de especialidades prestados e a qualidade exigida, considerando ter o município de Mogi das Cruzes atualmente ampla e moderna estrutura na rede de saúde e haver tempo hábil previsto no contrato vigente para a mudança exigida, de forma harmoniosa e sem traumas para a população, informou não ter possibilidade de continuar com os serviços de pronto socorro, passando focar na melhoria dos serviços de nossas referências contratualizadas e na melhoria da estrutura hospitalar, que entendemos que estaremos ajudando mais o município e à população de outra forma sustentável.
Desde já ficamos à disposição para eventuais esclarecimentos.
Atenciosamente,
Mesa Administrativa
Prefeitura de Mogi das Cruzes
A administração municipal foi surpreendida pela decisão da diretoria da Santa Casa, que manifestou a intenção de NÃO RENOVAR o convênio com a prefeitura para manter os serviços de Pronto-Socorro.
Durante muitos anos, a Santa Casa pleiteou o aumento do repasse destinado ao convênio do Pronto-Socorro, o que finalmente foi atendido no ano de 2021 pela atual gestão municipal. O teto estipulado para pagamento mensal do convênio é de cerca de R$ 2,2 milhões, praticamente o triplo dos convênios firmados anteriormente. Contudo, os repasses são feitos somente mediante a comprovação dos gastos e, nos últimos meses, o hospital tem comprovado um gasto médio mensal de R$ 1.819.532,27.
Frente à manifestação da diretoria da Santa Casa, a Secretaria Municipal de Saúde busca alternativas para que a população não fique desassistida pelo serviço do Pronto-Socorro Municipal. A pasta está trabalhando para garantir o atendimento na unidade da Santa Casa até que uma nova solução seja colocada em prática.
O atendimento do Pronto-Socorro da Santa Casa é muito importante para Mogi das Cruzes, já que são realizados em média 8.251 atendimentos por mês na unidade. Este total equivale a 13,55% de todo o sistema municipal de pronto atendimento (as sete unidades municipais de pronto atendimento realizam juntas cerca de 60.875 atendimentos por mês).