Medida permite envio de cestas básicas, água e kits de limpeza para famílias atingidas; municípios fluminenses enfrentam deslizamentos e alagamentos

Foto: Divulgação – G1
O Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR) reconheceu oficialmente, neste domingo (6), a situação de emergência nos municípios de Angra dos Reis e Petrópolis, no estado do Rio de Janeiro. A decisão, publicada após uma série de temporais intensos que atingiram a região entre sexta-feira (4) e sábado (5), autoriza as prefeituras a requisitar ajuda humanitária ao governo federal.
A medida permite o acesso facilitado a recursos emergenciais, como a aquisição de cestas básicas, água potável, kits de limpeza, higiene pessoal, dormitórios provisórios e refeições para trabalhadores e voluntários envolvidos na resposta aos danos causados pelas chuvas.
Deslizamentos, alagamentos e famílias desalojadas
Os impactos foram mais severos em Angra dos Reis, onde a prefeitura reportou um acumulado de 324 milímetros de chuva em apenas 24 horas — valor que subiu para 357 milímetros em dois dias. A cidade registrou, até o momento, 346 pessoas desalojadas, além de deslizamentos de terra, alagamentos, quedas de postes e danos à infraestrutura urbana.
“Estamos vivendo uma situação crítica. Várias comunidades ficaram isoladas e precisamos de ajuda imediata para atender quem perdeu tudo”, afirmou um representante da Defesa Civil local.
A prefeitura de Angra dos Reis também informou que 46 bairros receberam alertas por sirenes e SMS. Equipes de emergência montaram 46 pontos de apoio, onde moradores recebem orientações e assistência básica.
Em Petrópolis, na Região Serrana do estado, os efeitos das chuvas também causaram deslizamentos e bloqueios em vias importantes. A cidade, que já sofreu tragédias relacionadas a chuvas nos últimos anos, voltou a conviver com o medo e o alerta máximo.
Rodovias interditadas e deslocamentos comprometidos
Em decorrência dos temporais, a Rodovia Rio-Santos foi parcialmente interditada, agravando o isolamento de parte da população em Angra dos Reis. O trecho da estrada que liga o litoral sul do estado à capital ficou comprometido por quedas de barreiras, o que dificultou a chegada de equipes de resgate e abastecimento de mantimentos.
Governador cancela agenda e pede cautela à população
O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), cancelou sua participação em eventos políticos, incluindo o ato promovido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro na Avenida Paulista, em São Paulo, para priorizar a coordenação das ações emergenciais no estado.
Castro também fez um apelo à população para que evite deslocamentos desnecessários enquanto as equipes atuam na limpeza de vias e recuperação de áreas de risco. “Nosso foco absoluto agora é salvar vidas e dar assistência a quem foi afetado”, declarou o governador em vídeo divulgado nas redes sociais.
Ajuda federal e próximos passos
Com o reconhecimento da situação de emergência, as prefeituras de Angra e Petrópolis poderão formalizar, junto ao governo federal, a solicitação de repasse de verbas por meio da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil. A expectativa é de que os recursos comecem a ser liberados ainda nesta semana, após análise técnica das necessidades mais urgentes.
Além disso, equipes do Exército e da Defesa Civil estadual já foram mobilizadas para apoiar o trabalho nos municípios. Helicópteros estão sendo usados para levar alimentos e água a áreas isoladas, especialmente nas comunidades de morro e encostas.
Histórico de tragédias na região
Petrópolis, em especial, vive um trauma coletivo desde a tragédia de fevereiro de 2022, quando chuvas intensas provocaram mais de 230 mortes. O episódio, considerado um dos mais devastadores da história recente do estado, deixou a cidade em estado de alerta permanente. Desde então, investimentos em contenção de encostas e sistemas de alerta foram implementados, mas a frequência das chuvas intensas ainda desafia a capacidade de resposta das autoridades.
Solidariedade e mobilização civil
Diversas campanhas de doações estão sendo organizadas por instituições religiosas, ONGs e cidadãos voluntários. Os itens mais solicitados são alimentos não perecíveis, colchões, roupas, cobertores, fraldas e produtos de higiene pessoal. Pontos de coleta foram montados em igrejas, escolas e centros comunitários nas cidades afetadas e também na capital fluminense.
Apoio psicológico e acolhimento
Além da assistência material, os municípios começam a estruturar apoio psicológico às famílias atingidas. Equipes de saúde mental foram destacadas para os abrigos e centros de acolhimento, buscando oferecer suporte a pessoas que perderam suas casas ou passaram por situações de risco extremo.
Alerta permanece
De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), novas pancadas de chuva estão previstas para os próximos dias, o que mantém as cidades em estado de atenção. A população foi orientada a seguir os canais oficiais e acionar a Defesa Civil em caso de risco iminente.