Em média, três crianças por dia foram socorridas com apoio da PM e do Corpo de Bombeiros; casos como o da bebê Luísa mostram importância da resposta rápida
Foto: Divulgação / SSP
A cena era de desespero: a pequena Luísa, de apenas dois meses, se engasgou após tomar um remédio durante uma visita à casa da bisavó. A mãe da criança, Letícia Rosa, sem saber o que fazer, recorreu ao telefone e ligou para o número 190, da Polícia Militar. A resposta imediata e a ação rápida dos policiais salvaram a vida da recém-nascida e se somam a mais de 1,2 mil casos semelhantes registrados no estado de São Paulo em 2024.
O caso aconteceu no dia 25 de março, em Leme, interior paulista, e é apenas um entre os milhares de atendimentos que envolveram desengasgos de bebês e crianças realizados por meio dos números de emergência 190 e 193 (Corpo de Bombeiros). Em média, foram três salvamentos por dia no estado no último ano, um aumento de 57% em relação a 2023, que registrou 760 ocorrências do tipo.
Resposta rápida e salvamento emocionante
Logo após a ligação da mãe de Luísa, uma viatura com os cabos Willian Iaderoza e Gabriel Barros, da 4ª Companhia do 36º Batalhão de Polícia Militar do Interior, foi acionada pelo Centro de Operações da Polícia Militar (Copom). Em menos de cinco minutos, os policiais chegaram ao local e prestaram os primeiros socorros.
O cabo Iaderoza, que também é técnico de enfermagem, aplicou a manobra de desengasgo corretamente e conseguiu fazer com que a bebê expelisse o líquido pelo nariz e pela boca. “Eu sou pai de uma menina de um ano e o meu colega de farda tem uma filha com o mesmo nome da Luísa. Não tem como não se emocionar com um salvamento desses”, declarou.
A bebê foi levada até a Santa Casa de Leme, onde passou por avaliação médica e recebeu alta no mesmo dia.
Gratidão e acompanhamento após o socorro
A mãe da bebê não poupou palavras para agradecer aos policiais que atenderam a ocorrência. “Eles chegaram em menos de cinco minutos. Se não fossem eles, poderia ter acontecido algo muito pior. Vocês foram anjos enviados para salvar a minha princesa. Minha gratidão é eterna”, disse Letícia Rosa.
Em um gesto de empatia, os policiais retornaram ao hospital duas vezes nos dias seguintes para acompanhar a recuperação da bebê e conversar com a família e a equipe médica.
Treinamento e orientação por telefone ajudam nas emergências
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP), uma parte significativa dos salvamentos ocorre ainda durante a ligação, com os pais sendo orientados por telefone por policiais e bombeiros treinados.
Esses profissionais passam por capacitações específicas no Copom e no Cobom para saber como orientar corretamente as manobras de desobstrução das vias aéreas, tanto em bebês quanto em adultos. As instruções, muitas vezes, são suficientes para salvar vidas antes mesmo da chegada da equipe ao local.
O capitão Raphael Brito, do Corpo de Bombeiros, explica que manter a calma é essencial, e dá orientações básicas sobre o que fazer:
- Coloque o bebê de bruços no seu antebraço e segure o queixo com firmeza;
- Com a cabeça virada para baixo, dê cinco tapas firmes nas costas, direcionados para frente;
- Vire o bebê e verifique se o objeto foi expelido;
- Caso não esteja respirando, aplique cinco compressões torácicas com dois dedos entre os mamilos;
- Repita o processo até que a criança volte a respirar.
Confiança na PM e no Corpo de Bombeiros
O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, destacou a importância da confiança da população nos órgãos de emergência. “São números impressionantes que demonstram a confiança da população no trabalho da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros de São Paulo. Eles são verdadeiros heróis”, afirmou.
Nos dois primeiros meses de 2025, já foram atendidas 188 chamadas do mesmo tipo, o que mostra que a incidência desses casos continua alta. A história de Luísa reforça a importância do preparo técnico dos profissionais e da manutenção dos canais de emergência como ferramentas essenciais para a preservação da vida.
Letícia, a mãe da bebê, comentou que Luísa já passou por outros episódios de engasgo. “Quando meu marido está aqui ele resolve, mas quando estou sozinha, sempre ligo para o 190. Confio muito no trabalho da PM. Eu até brinco que eles devem estar cansados de vir até aqui”, disse com bom humor.
Serviços de emergência continuam sendo aliados da população
O Centro de Operações da Polícia Militar (Copom) e o Centro de Operações do Corpo de Bombeiros (Cobom) seguem como pilares do atendimento emergencial em São Paulo. O aumento nas ocorrências de desengasgos exige não apenas preparo técnico das forças de segurança, mas também uma população cada vez mais informada e capacitada para agir nos primeiros segundos de uma emergência.
Por isso, a SSP reforça a importância de que pais, cuidadores e responsáveis busquem informações sobre primeiros socorros, especialmente em relação a bebês e crianças pequenas, que são mais suscetíveis a engasgos com leite, medicamentos ou pequenos objetos.
Enquanto isso, os telefones 190 e 193 seguem salvando vidas — às vezes, com apenas uma ligação.
