Voo vindo de Montevidéu avista crianças na área de toque pouco antes do pouso; aeroporto mobiliza segurança e reforça monitoramento
O que poderia ter se transformado em uma tragédia foi evitado na tarde desta segunda-feira (14), quando o piloto do voo GOL 7631, que vinha de Montevidéu (Uruguai), avistou quatro crianças na pista do Aeroporto Internacional de Guarulhos, o maior e mais movimentado do país. O incidente ocorreu por volta das 15h15 e resultou em uma mobilização imediata das equipes de segurança do terminal aéreo.
“Torre, voo 7631 também observou, bem na área de toque, tem 4 ou 5 crianças bem no meio da pista”, relatou o comandante da aeronave em áudio captado pelo canal especializado Aviação Guarulhos JPD, que compartilhou o material com a CNN Brasil.
O alerta do piloto acionou uma resposta rápida do controle aéreo, que imediatamente comunicou as equipes de segurança. O voo pousou em segurança, sem qualquer dano ou ferimento, mas o caso acendeu um sinal de alerta quanto à segurança perimetral do aeroporto.

Foto: Divulgação
Fechamento temporário e reforço na segurança
Após o incidente, a pista onde as crianças foram vistas foi temporariamente interditada para retirada dos invasores e posterior vistoria da área. Segundo nota oficial divulgada pela GRU Airport, administradora do Aeroporto de Guarulhos, foram acionadas as equipes internas de segurança, além de órgãos de segurança pública.
“A concessionária informa que foram mobilizadas equipes de segurança e órgãos públicos para a retirada dos invasores. A manutenção da área invadida foi realizada e o monitoramento do local, intensificado”, destacou o comunicado.
A nota não esclarece como as crianças conseguiram acessar uma área de segurança máxima, o que levanta questionamentos sobre possíveis falhas na vigilância do entorno.
GOL não comenta o caso
A GOL Linhas Aéreas, responsável pela operação do voo, informou por meio de sua assessoria de imprensa que não irá comentar o episódio. Apesar disso, a atuação rápida do piloto e da torre de controle foi fundamental para evitar uma possível colisão na pista durante a manobra de pouso.
Falta de resposta sobre a origem das crianças
Até o momento, não há informações sobre quem são as crianças, nem como elas conseguiram invadir a pista de pouso — área restrita e altamente controlada. Fontes extraoficiais ouvidas por veículos especializados em aviação indicam que os jovens aparentavam ter entre 8 e 12 anos, mas esses dados ainda não foram confirmados pelas autoridades.
A Polícia Federal, responsável por parte da segurança aeroportuária, também não se manifestou oficialmente sobre o episódio até o fechamento desta reportagem.
Especialistas apontam falhas graves na segurança perimetral
O incidente reacendeu o debate sobre a eficácia da segurança nos acessos externos dos aeroportos brasileiros. Para o especialista em aviação civil Jorge Duarte, a presença de crianças em uma pista de pouso evidencia uma falha grave.
“Não estamos falando apenas de um risco à segurança da aviação, mas também à vida dessas crianças. É inadmissível que alguém consiga acessar uma pista de pouso ativa, ainda mais durante uma operação”, afirmou Duarte.
Segundo ele, o protocolo de segurança deve incluir não apenas cercas, mas também sensores de movimento, câmeras de vigilância e rondas frequentes em todo o perímetro do aeroporto.
Casos semelhantes e os riscos envolvidos
Embora raro, esse tipo de invasão não é inédito. Em 2019, um homem invadiu a pista do Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, e correu em direção a uma aeronave em procedimento de decolagem. O caso levou a uma série de revisões nos protocolos de segurança.
No entanto, a presença de crianças chama atenção por um fator adicional: o risco de que esse tipo de ocorrência não seja levado a sério ou seja confundido com brincadeira, retardando a resposta necessária.
“A diferença de segundos pode ser a diferença entre a vida e a morte em uma situação como essa. Felizmente, o piloto foi extremamente atento e avisou imediatamente, o que evitou o pior”, disse um controlador de tráfego aéreo que preferiu não se identificar.
Consequências e próximos passos
A Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) ainda não se pronunciou sobre o caso, mas especialistas esperam que o órgão exija uma revisão imediata dos procedimentos de segurança em Guarulhos. O aeroporto movimenta, em média, mais de 100 mil passageiros por dia e é um dos principais hubs de conexão aérea da América Latina.
Além disso, há expectativa de que uma investigação seja aberta para apurar possíveis responsabilidades da concessionária administradora do terminal. A presença de crianças na pista revela uma vulnerabilidade que, segundo especialistas, não pode ser tratada como um caso isolado.