Sete ônibus são sequestrados e usados como barricadas durante confronto na zona norte do Rio

Criminosos reagiram a operação policial no Complexo do Chapadão bloqueando vias com coletivos; 49 ônibus já foram sequestrados só em 2025

Sete ônibus foram sequestrados por criminosos na manhã desta quinta-feira (10), no Rio de Janeiro, e usados como barricadas em vias movimentadas da cidade. A ação ocorreu após um confronto entre policiais militares e suspeitos armados durante patrulhamento no Complexo do Chapadão, na zona norte da capital. De acordo com a Polícia Militar, o episódio resultou na interdição de ruas importantes, impactando diretamente o transporte público da região.

Segundo informações do 41º BPM (Irajá), a troca de tiros teve início quando agentes que patrulhavam a Rua Sargento Rego se depararam com um grupo armado. Dois suspeitos foram baleados e socorridos no Hospital Carlos Chagas. Um terceiro foi preso e dois fuzis foram apreendidos. A ocorrência foi registrada na 39ª DP (Pavuna).

Após o confronto, criminosos reagiram interceptando coletivos e utilizando-os para fechar vias nos arredores do Complexo do Chapadão. Seis ônibus foram sequestrados na Pavuna e um na Linha Amarela, via expressa fundamental que liga zonas da cidade. Segundo a Polícia Militar, o policiamento foi reforçado na área e, até o início da tarde, a situação já estava controlada e o tráfego nas vias, normalizado.

Foto: Reprodução/TV Globo

Ruas bloqueadas e linhas afetadas

Na Pavuna, os criminosos atravessaram os ônibus em pontos estratégicos para impedir o tráfego, incluindo vias como a Avenida Chrisóstomo Pimentel de Oliveira e a Rua Alcobaça. Na Linha Amarela, um coletivo foi abandonado, mas rapidamente removido para liberação da via.

A Rio Ônibus informou que as linhas sequestradas foram:

  • B11517 – 669 (Pavuna x Méier)
  • B11568 – 669 (Pavuna x Méier)
  • B32743 – 779 (Pavuna x Terminal Madureira)
  • B32809 – 779 (Pavuna x Terminal Madureira)
  • B32624 – SR399 (Pavuna x Passeio)
  • B32523 – 793 (Pavuna x Terminal Sulacap)
  • A63505 – 919 (Pavuna x Bonsucesso)

Ao todo, 11 linhas de ônibus tiveram sua operação impactada, causando transtornos para passageiros e trabalhadores que dependem do transporte público na região.

Violência recorrente e dados alarmantes

O caso desta quinta-feira é mais um episódio na crescente onda de violência que atinge o sistema de transporte coletivo do Rio de Janeiro. De acordo com a Rio Ônibus, concessionária responsável pelo serviço, somente nos primeiros quatro meses de 2025 já foram registrados 49 casos de sequestro de ônibus na capital fluminense.

“Essas ações colocam em risco não só os operadores dos veículos, mas principalmente os passageiros que dependem do sistema todos os dias”, afirma a entidade, em nota oficial. Ainda segundo a concessionária, os ataques também têm provocado prejuízos operacionais, atrasos nas viagens e aumento nos custos de manutenção e segurança.

Resposta das autoridades

Em resposta à escalada da violência, a Secretaria de Estado de Polícia Militar afirmou que irá intensificar as operações de patrulhamento em áreas consideradas críticas. O objetivo é impedir que novas ações semelhantes aconteçam e restaurar a sensação de segurança para a população.

Apesar da rápida resposta da PM nesta quinta-feira, a frequência de ocorrências desse tipo preocupa especialistas em segurança pública e operadores do transporte. “O que vemos é um padrão de retaliação cada vez mais agressivo após operações policiais. Usar ônibus como barricada virou uma tática recorrente”, explica um oficial da corporação que pediu para não ser identificado.

Reflexos sociais e impacto no cotidiano

A escalada da violência urbana no Rio afeta não apenas a segurança, mas também o dia a dia de milhares de trabalhadores. A moradora da Pavuna, Márcia Souza, de 46 anos, relata que não conseguiu chegar ao trabalho por conta do bloqueio: “Quando cheguei no ponto, já tinham avisado que os ônibus não estavam passando. É revoltante, a gente vive com medo todos os dias”.

Situações como a de Márcia se repetiram ao longo da manhã em diversos bairros da zona norte. Muitos trabalhadores e estudantes precisaram alterar suas rotas ou sequer conseguiram sair de casa. A falta de uma alternativa rápida de transporte coletivo agrava ainda mais os efeitos desses ataques, que ganham proporções cada vez maiores.

Cenário de tensão e desafios futuros

O Complexo do Chapadão é conhecido pela presença de facções criminosas que disputam o controle de pontos de venda de drogas. A região tem sido alvo constante de operações da Polícia Militar e da Polícia Civil, e a tensão entre as forças de segurança e os grupos armados tem se intensificado. Especialistas apontam que a repressão, sem medidas paralelas de inteligência e políticas sociais, pode contribuir para a escalada da violência.

Enquanto isso, a população segue à mercê de uma realidade em que o transporte público vira escudo em meio a confrontos armados. A Prefeitura do Rio ainda não se manifestou sobre o ocorrido nem anunciou medidas específicas para evitar novos episódios.

A expectativa, segundo fontes ligadas ao governo estadual, é que o patrulhamento ostensivo continue nos próximos dias. “A ordem é não recuar diante da criminalidade”, afirmou um porta-voz da PM.

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