Israel afirma que o local era usado como base pelo Hamas; comunidade internacional reage com preocupação crescente

Foto: AP News
Um ataque aéreo das Forças de Defesa de Israel (IDF) destruiu, na noite do último sábado (13), parte do Hospital Batista Al-Ahli, na Cidade de Gaza — o último centro médico considerado plenamente funcional na região. A ofensiva intensifica ainda mais a crise humanitária enfrentada pelos palestinos desde o início da guerra, em outubro de 2023.
O bombardeio atingiu setores cruciais da unidade hospitalar, incluindo os departamentos de terapia intensiva e cirurgia. De acordo com relatos de testemunhas e imagens divulgadas nas redes sociais, o ataque causou incêndios intensos e obrigou a evacuação apressada de pacientes, médicos e pessoas deslocadas que buscavam abrigo nas dependências da instituição de saúde.
Segundo a Diocese Episcopal de Jerusalém, que administra o hospital, uma criança que havia sofrido um traumatismo craniano morreu durante o processo de evacuação emergencial. Apesar disso, o serviço de emergência civil de Gaza informou que não houve mortes diretamente causadas pelo ataque.
‘Aviso com 20 minutos de antecedência’
Relatos de um jornalista local que estava no hospital indicam que a ordem de retirada foi feita por telefone por um oficial israelense. Ele teria informado a um dos médicos que todos precisavam deixar imediatamente o local.
“Todos os pacientes e pessoas deslocadas devem sair para uma distância segura. Vocês têm apenas 20 minutos para sair”, teria dito o militar, segundo a reportagem da BBC.
Apesar da retirada ter evitado um número maior de mortes, vídeos postados nas redes sociais mostram a correria e o desespero de pacientes em leitos, sendo levados às pressas em meio à fumaça e ao caos, enquanto o céu ainda estava escuro.
Israel alega presença de base do Hamas no hospital
As Forças de Defesa de Israel justificaram a ação afirmando que o hospital abrigava um “centro de comando e controle usado pelo Hamas”, e que o ataque foi conduzido com o uso de “munições precisas”, além de uma “vigilância aérea contínua” para minimizar danos a civis.
“Medidas foram tomadas para mitigar os danos à população civil ou ao complexo hospitalar, incluindo a emissão de avisos antecipados”, informou o comunicado oficial da IDF.
Em resposta, o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, afirmou que o prédio foi “completamente destruído”, resultando no “deslocamento forçado de pacientes e funcionários”.
O último hospital em funcionamento na Cidade de Gaza
Antes da guerra, o Al-Ahli era um pequeno centro médico. Com a destruição progressiva dos hospitais Al-Shifa e outros no norte da Faixa de Gaza, o hospital Batista passou a ser o único com capacidade plena de atendimento na Cidade de Gaza. A sua destruição representa mais um colapso na já precária rede de saúde da região.
“O ataque ao Hospital Al-Ahli, que abriga centenas de pacientes e equipes médicas, é mais um crime horrível cometido por Israel”, declarou o escritório de imprensa do governo de Gaza, ligado ao Hamas.
Repercussão e histórico de ataques
Este não é o primeiro ataque ao hospital. Em outubro de 2023, uma explosão no Al-Ahli matou centenas de pessoas. À época, autoridades palestinas atribuíram a responsabilidade a Israel. O governo israelense, no entanto, culpou um lançamento fracassado de foguete por parte da Jihad Islâmica Palestina — grupo que negou envolvimento.
O conflito se intensificou após os ataques coordenados pelo Hamas em 7 de outubro de 2023, que resultaram na morte de aproximadamente 1.200 israelenses e no sequestro de 251 pessoas. Desde então, Israel lançou uma campanha militar na Faixa de Gaza com o objetivo declarado de destruir o grupo militante.
Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, mais de 50.933 pessoas já morreram no território desde o início do conflito. Dessas, ao menos 1.563 foram vítimas da nova fase da ofensiva, reiniciada em 18 de março.
Avanço militar e agravamento da crise
Com a destruição do Al-Ahli, médicos e organizações humanitárias alertam para o colapso iminente da saúde pública em Gaza. Além disso, Israel anunciou que agora domina mais de 50% do território da Faixa, intensificando sua presença em áreas densamente povoadas.
A comunidade internacional acompanha com preocupação os desdobramentos. Diversas entidades humanitárias e organizações de direitos humanos têm denunciado o impacto desproporcional do conflito sobre civis, especialmente mulheres e crianças.